segunda-feira, 18 de maio de 2009

SIC- OS GLOBOS DE OURO DA VAIDADE E DO PENACHO! - NO DESFILE DA MERDANÇA E DA CAGANÇA - SALVOU A FACE MANUEL DE OLIVEIRA



GLOBOS DE OURO DA SIC/CARAS – 2009 – OPORTUNIDADE PRIVILEGIADA PARA SE EGOCENTRALIZAR, EXCENTRALIZAR E EXORCIZAR O EGO DE UM CONJUNTO DE SUPER DOTADOS OU SE CALHAR APENAS DE UNS QUANTOS PÂNDEGOS OU FELIZARDOS

Confesso que não tive tempo nem paciência para prestar grande atenção a este desfile de enfarpelados e de enfarpeladas, cada qual ostentando as suas soberbas vaidades, muito inchados da sua importância, sempre que topavam que uma câmara que os focava ou eram interceptados. Vi uns respisgos aligeirados ao inicio, e, casualmente, uns poucos minutos, já na parte final.

Claro que havia lá muita gente com nível e a justificar plenamente as nomeações e as distinções, com que foram agraciados, pela sua prestação ao longo do ano de 2008 nas áreas do Cinema, Desporto, Moda, Música e Teatro.

Na área do desporto, refiro-me, por exemplo a Jesualdo Ferreira (merecedor justíssimo – já pela terceira vez consecutiva Campeão no Futebol Clube do Porto) e ao nosso maior embaixador do futebol português, o sempre inconfundível Ronaldo, que esteve ali representado pela sua irmã Ronalda, que ficou satisfeitíssima por mais um troféu alcançado pelo mano. Confessando-se porém desgostosa por ainda o não ter conseguido na sua carreira musical. Terá que ter paciência, porque a prata da casa – a sua oferta de qualidade – é muito escassa – e lá acabará um dia por lhe calhar a sua vez. E apenas mais uma questão de dar tempo ao tempo.


AINDA BEM QUE EXISTE ESTA FESTA PARA NOS SENTIRMOS "TODAS" MUITO IMPORTANTES"

Eis como algumas das estrelas e premiados, que lá estiveram, descreveram as suas emoções para as repórteres da SIC no final do espectáculo e que anotei para o computador, já que, mal cheguei a desviar as atenções de uns textos que redigia.

“Foi uma noite glamorissima! Um cenário lindíssimo! Uma gala magnífica! A melhor de todas! .É sempre uma festa muito bonita! É uma festa à homenagem à cultura portuguesa. Estou muito contente! É um grande acontecimento. Ainda bem que existe esta festa para nos sentirmos importantes! Para além de estar feliz com isto acho que se fez justiça. Depois de 18 anos é da minha carreira profissional é o único troféu que recebo da imprensa portuguesa. Mas foi a primeira vez que cá estive mas acertei. É um grupo de actores que não eram profissionais que ajudaram o Miguel ajudar o troféu. Gostei muito! Achei uma gala muito bem pensada. Uma forma muito original de apresentar os troféus. Um grande noite e uma grande festa. Uma grande edição. Que para o ano promete ser mais especial. Teremos muitos mais convidados.” – Pelos visto, não foi por falta de elogios que os realizadores da dita Gala ,se poderão vir a queixar.

A INICIATIVA TEM O SEU MÉRITO -MAS PARECE-ME QUE É TAMBÉM UM DOS PASSOS OU MEIO CAMINHO ANDADO PARA UM OUTRO LADO ALGO PREOCUPANTE E SUBVERSIVO - O DO CAPITAL SE PROMOVER E DE SÓ PROMOVER E PREMIAR QUEM BEM ENTENDE

Claro que reconheço que o evento tem o seu mérito – e há que louvar o espírito da iniciativa dos promotores. Só que, leva-me a descortinar o outro lado perverso. O facto de a mesma iniciativa nos remeter ainda mais à nossa extrema pequenez – Pois, as oportunidades para os cidadãos brilharem nas diferentes áreas – e não só naquelas em que foram distinguidas –, são extremamente escassas! A oferta de trabalho é muito limitada. E o mau exemplo começa logo pelo grupo mediático que o organiza, que controla vários órgãos de comunicação social, restringindo o leque de oportunidades e as opções de escolha. O que significa que - grupos económicos, tão poderosos como este – dão-se ao luxo de, com o júri dos seus notáveis, se auto-promoverem e promoverem e premiarem quem bem entenderem, o mesmo é dizer-se, exercerem, directa ou indirectamente, a sua influência política e cultural sobre as pessoas. E, porventura, ostracizarem ou marginalizarem aqueles que não caírem nas suas boas graças, que só excepcionalmente serão distinguidos.

Vai-se já na XIV edição mas, vendo as coisas noutro prisma, e retrospectividando, constato que acaba tudo por andar à volta dos mesmos nomes ou dos amigos desses nomes. E isso acontece no emprego e em muitas outras áreas: o maldito vírus da partidarite e da força do capital, tem que andar sempre a pressionar, a condicionar e minar as consciências. “Portugal é um país pequenino” – dizia-me um amigo alemão, alegando que aqui só se consegue uma oportunidade de trabalho, mais dignificante, quando se é recomendado pela inevitável cunha.

OS BONS FILMES FICAM E OS MINISTROS DA CULTURA DESAPARECEM” – DISSE UM AUTOCOVENCIDO REALIZADOR DE CINEMA – QUE, ULTIMAMENTE, TÊM-SE DISTINGUIDO MAIS NUM CERTO TRIO DE ATAQUE FUTEBOLÍSTICO NUMA DAS TVs. A BOCA FOI PROFERIDA, A DADA ALTURA DA CERIMÓNIA DA ENTREGA DOS PRÉMIOS, EM QUE O DITO, AO ACABAR DE SER CHAMADO AO PALCO PARA OSTENTAR O SEU PANEJARICO E ANUNCIAR O PREMIADO ENTRE OS CINCO NOMEADOS DO MELHOR FILME DO ANO, SE SAIU COM AQUELA. O PROBLEMA É QUE O BOM OU MAU DO CINEMA PORTUGUÊS, DIFICILMENTE ENCHE BILHETEIRAS, PASSA PELA SALA DOS NOSSOS CINEMAS – E NEM EM TODOS - MAIS VELOZ QUE UM METEORO NO FIRMAMENTO, DEIXANDO RAPIDAMENTE DE SER VISTO E É LOGO PRATICAMENTE POSTO NA PRATELEIRA E ESQUECIDO

MANUEL OLIVEIRA – A FIGURA QUE SALVOU AS HONRAS DA NOITE, NAS BADALADAS DISTINÇÕES DOS GLOBOS DE OURO DA CARAS/SIC- 2009 QUE ECOARAM PELO VELHINHO COLISEU DOS RECREIOS, EM LISBOA, COM OS HOLOFOTES E AS CÂMARAS DE TELEVISÃO EM DIRECTO

Nunca fui um apreciador do cinema de Manuel Oliveira – até porque também não sou lá grande cinéfilo – mas admiro a personalidade e a persistência da sua carreira: de uma vida que já percorreu um século, grande parte da qual dedicada ao cinema. Mas penso que é mais admirado no estrangeiro que em Portugal. Ele é realmente uma pessoa culta e com uma grande vivacidade verdadeiramente notáveis! Chegar àquela idade, tão lúcido e ainda com projectos na manga! – É obra que não está ao alcance do comum dos mortais!

Gostei muito das suas palavras e da simplicidade com que as preferiu. Disse que não queria tornar-se num sentimental mas vi que lhe era impossível não manifestar a sua emoção. Até porque a sua preocupação, naquele momento, parecia estar mais inclinada a lembrar e a homenagear com seu prémio todos aqueles que colaboraram ao longo da sua carreira. Falou dos bons actores e actrizes, dos técnicos, e de todos os demais que consigo trabalharam. Confessando a sua modéstia de que "nunca dirigira nenhum dos artistas mas que foram eles que o dirigiram". Reconhecendo que aquela distinção a deve a todos eles. Pois foram eles – segundo sublinhou “que me ensinaram que era feio representar e que diziam profundamente os seus papéis” “Sou apenas uma pequena peça no meio deste conjunto de actores” Mas a grande dedicatória, essa, era destinada à sua mulher ( que não pudera ali estar) mas que ele ali agora a recordava com o sentimento de quem lembra uma companheira de muitas horas, de muitas canseiras, de muitas lutas, de muitas alegrias e talvez de algumas tristezas ou frustrações, na sua longa caminhada em prol da sétima arte.

Sem dúvida, palavras bonitas de se ouvirem de viva voz de um dos mais prestigiados centenários portugueses – com uma fama e um nome que já é uma legenda na cena internacional da cinematografia – O resto é para esquecer: são ostentações de vaidades que apenas interessarão ser lembradas por quem lá esteve com os seus penachos em alta
Os media, em Portugal, estão todos nas mãos da mesma família política. Não informam, manipulam; não fazem informação mas lançam a insinuação e acusação gratuitas. O seu mimetismo assume carácter provocador e assustador. Imitam-se uns aos outros. Praticamente já não há destrinça. Entre a informação de referência e a informação sensacionalista. Não precisam da comprovação dos factos, basta que as afirmações de alguém (desde que alinhe com a sua odiosa instrumentalização ideológica e partidária) para que as suas palavras (mesmo que careçam de fundamentação e de apuramento) sejam tomadas como uma verdade absoluta e sirvam de cobertura às suas manchetes ou abram os telejornais.

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