quarta-feira, 1 de abril de 2009

TVI – E O VÍDEO: - POLÍCIA DEVIA INVESTIGAR – PURO TEATRO PARA INCRIMINAR JOSÉ SÓCRATES OU A FARSA MAL REPRESENTADA DE QUEM QUER ARRANJAR UM ÁLIBI?!



««




contrapublicidade.blogspot «
~~




Nos telejornais da TVI – especialmente no dito Jornal Nacional de Moura Guedes – é realmente muito difícil distinguir o que é falso do que pode ser verdadeiro. A informação caiu no descrédito – pelo menos, para as pessoas mais exigentes - Aposta-se na emoção, no espectáculo, no sensacionalismo, num tipo de jornalismo persecutório e aviltante. No julgamento e na acusação. Ou seja, tudo ali é já de credibilidade duvidosa. E, com muita dificuldade, pode ser tomado a sério. E é pena que assim aconteça. Ganham as audiências (os anúncios) mas perde a qualidade informativa. E quem a vê. E até o chamado jornalismo de investigação – rigoroso e aprofundado.

“É corrupto». "Notícia, em exclusivo da TVI", diz a dita apresentadora. Para logo acrescentar: “É desta forma que Charles Smith fala de José Sócrates no DVD que é fundamental para a investigação do processo Freeport em Inglaterra”

Seguiu-se depois a reprodução do dito DVD – onde as únicas imagens visíveis eram aquelas que, abusivamente, lhe tinham sido introduzidas à medida que o som era produzido.

Foi justamente o acesso a esse mesmo registo que pessoa amiga me enviou por e-mail – e de que a seguir me vou ocupar. Porém, se já na altura tudo aquilo me soava a falso, ou à conivência, a maquinação urdida de, pelo menos, duas das três personagens presentes, pois bem, agora com a leitura mais atenta dos textos e o visionamento do mesmo, a minha conclusão é clara - Alguém está mais interessado em chamuscar José Sócrates de que em saber quem são os verdadeiros autores dos desvios das contas do Freeport

É de tal maneira evidente a farsa que, ali transparece, que nem é preciso ser-se especialista em criminologia: basta um pouco de atenção e de reflexão, para facilmente se concluir estar-se em presença do mais grosseiro embuste. Mas muito grave. Lanço o desafio a qualquer pessoa, sensata e minimamente inteligente, que consiga distanciar-se desta vertiginosa instrumentalização, que não vá ao encontro de outra conclusão senão a da fabricação de um álibi ou da mais descarada falsidade

Em primeiro lugar – e contrariamente ao que anuncia o dito telejornal, não se trata de nenhuma conversa informal: mas de um questionário elaborado de perguntas e respostas, representado praticamente por duas pessoas. Ou seja: nada mais nada menos que o mesmo estilo de texto que se usa em Teatro – mas do mais pobre e artificial dramatismo. O tom é coloquial e mantém-se praticamente inalterável do princípio ao fim - Até, nisso, a encenação foi pouco imaginativa. Tudo ali é denunciado e propositado. Com um pouco de atenção: facilmente se vê que é uma representação mal engendrada, que, por si mesma, se auto-denuncia e desmarcara.

Face ao exposto, não excluo, aqui uma possibilidade – e aí é que esta peça poderá ter o seu lado oculto mais sinistro e que careceria de investigação aprofundada: acerca das duas vozes em que incide o coloquial conjunto de perguntas e respostas – até porque a terceira (que se aponta ser de um português) mal abre a boca. Está ali talvez para dar mais alguma consistência à encenação.

Assim sendo:

1 – Imagine-se que, aquelas duas vozes (inglesas) são realmente as personagens de quem se fala.
2 - Imagine-se que (ambas essas duas personagens) eram autoras de um desfalque na Administração da empresa do Freeport – do tal desvio de dinheiro por explicar, e que, para saírem de mãos limpas, precisariam de arranjar um fortíssimo álibi – Claro que (para desviar as atenções ou fabricar uma hipotética justificação) nada melhor que envolver o nome de um Primeiro Ministro. O anterior processo estava encerrado e não ditara quaisquer culpas sobre a pessoa de José Sócrates, mas talvez desse muito jeito, aos prevaricadores, trazê-lo à baila e apontá-lo como corrupto.

Na verdade, tudo isto denota mais do que evidentes mostras de concertação e de falsificação. No fundo, o que esta gravação visa, é descarregar tudo num único culpado: José Sócrates

Ou seja: fabricou-se uma gravação para arranjar um bode expiatório e depois (ao que parece) um dos cúmplices foi entregá-la à polícia da sua terra.

Esta é a realmente a única verdade possível – Não vejo outra. E o mais grave - e que não seria a primeira vez, que, quem fica com as culpas, são os inocentes; enquanto, os criminosos, os que roubam, os que fazem desfalques, esses, ficam-se a rir.

No entanto, mesmo que o dito vídeo possa desencadear qualquer tipo de investigação, tal não justifica e branqueia o procedimento da TVI - Não é às televisões que compete fazer julgamentos populares. Quanto muito, tendo o vídeo em sua posse, poderia iniciar um trabalho de investigação jornalístico e ter aprofundado a questão – e não foi isso que fez. Nem é isso que lhe interessa. Mas tomar como verdade absoluta uma gravação que, não tendo sido autorizada por quem direito, de modo algum pode ser entendida como veiculadora de um conteúdo e de um objectivo verdadeiro – Logo, usou de má fé e fez acusações infundadas e gratuitas - Não com o propósito de se apurar a verdade, mas de acusar e de julgar José Sócrates. Como, de resto, o tem feio, com outros casos. Pelo que, no meu modesto entendimento, deve ser responsabilizada pelas suas consequências.

Um comentário: