terça-feira, 21 de abril de 2009

VITAL MOREIRA NOS PRÓS-E- CONTRAS NÃO SE SAIU MUITO BEM - OBRIGARÁ SÓCRATES A TER QUE FAZER ALGUMA GINÁSTICA?


A competência e a honestidade intelectual do académico, jurista e eminente constitucionalista, Vital Moreira é indiscutível. É coerente com as suas ideias e não flutua ao sabor das modas e das circunstâncias. Além disso, o seu carácter tem a matriz e a simplicidade das suas próprias origens - de uma pequena aldeia do concelho da Anadia. A sua candidatura ao Parlamento Europeu , parece-me, pois, uma mais valia para um fórum com tão relevante importância para os destinos da grande comunidade - sobretudo nestes tempos de crise, que primam pela ausência de valores, de espíritos esclarecidos e de grande envergadura - Daí ter-me parecido uma excelente escolha a de José Sócrates.

Contudo, receio que o discurso esclarecido e bem informado do pedagogo e do homem de cultura, coerente e fundamentado, quando posto lado a lado com as vozes mais demagógicas e trauliteiras dos políticos profissionais, possa correr o risco de se diluir e não ser tão receptivo ou estendível ao eleitor - Foi esta a dúvida que me perpassou no final do debate promovido pelo Contra-Informação.Mas confesso que apenas vi um pouco da parte final, pelo que não estou em condições de expressar uma opinião bem definida.

Mas já o vi melhor em debates menos confrontados e dispersos. Pelo pouco que vi no programa, não gostei da sua prestação. Vital Moreia é brilhante de ideias, mas, talvez por isso mesmo – o ser demasiado intelectual – parece não o ter favorecido grandemente. Além disso, a sua voz também não joga muito a seu valor - E então se mostrar agitação, pior ainda. Sim, quantos personagens se notabilizam pelo timbre da sua voz e aparências da sua postura, embora de palavra vazia de substância?

Terá que fazer uma auto-análise cuidada das suas intervenções, visionando a gravação do debate. Compreendo que seja extremamente incómodo ver-se rodeado por um autêntico “ninho de víboras”. Sim, quando todos os restantes adversários (cientes, talvez, de que tinham à sua frente um candidato de peso)o elegeram como alvo abater. Foi realmente o que se passou. Mais parecendo que à sua volta havia um bando de feras para ver qual delas era capaz de devorar primeiro a sua presa. E para que o telespectador não o visse reduzido a essa frágil condição, havia que impor mais segurança e distância. E acho que ele não o conseguiu.

Entrar na toada dos adversários é fazer o seu jogo. Enfileirar no mesmo tipo de resposta à letra é ficar no mesmo plano ou ainda mais inferiorizado. Em momento algum deve perder a serenidade. No tempo do PREC ficava-lhe bem o tom aguerrido e contestatário. Hoje o que se espera de um catedrático é um certo sentido de presença, de quem está cima de todas as querelas, provocações ou ataques. Penso que Vital não manifestou isso. No entanto, sendo um homem inteligente e com ideais - só não usa as suas melhores armas se não quiser. É esse o caminho, não há outro. De outro modo é, certamente, obrigar José Sócrates a fazer um esforço suplementar para evitar eventual desaire.

Creio que Manuel Alegre teria estado melhor. Tem mais experiência política. Sabe falar muito bem, tem argumentos e prestígio e a sua voz é inigualável - é um Hino! - Espero que ao menos seja o próximo candidato a enfrentar o altivo e arrogante Cavaco - E a dar-lhe a machadada final de que precisa - para que Portugal, se liberte destas destas caras de pau talhado e pseudo-democratas

Quanto ao candidato do PSD – é fluente nos argumentos, denota saber a missa de cor e salteada, a voz e o gesticular não o favorecem; mas, com o tempo, os auditórios acabam por se adaptar a este tipo de comunicadores demagógicos, tal como nos temos de adaptar às más vozes de certos apresentadores e apresentadoras dos telejornais. Pois, ao que parece, é estilos destes que mais facilmente entram na cabeça dos analfabetos e dos menos pensantes.

Em relação aos restantes participantes, é gente que fala demais e pelos cotovelos – tipo peixeirada – para merecer qualquer crédito. E nem sequer vou perder o meu tempo.

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