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Em 13 de Janeiro, último, apresentaram-se no palco do Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, perante uma plateia “de mil convidados” seleccionados a preceito, para darem início às celebrações de 30 anos da sua carreira musical. O facto já teria caído no esquecimento, se, entretanto, não viessem agora arvorados em revolucionários, juntando-se a estratégias político-partidárias, com a edição do vídeo: SEM EIRA NEM BEIRA - Sem dúvida, como se depreende através do seu conteúdo, mais um ataque concertado (pela via partidária) a José Sócrates. É o filão que está em voga e que está a dar: estrategicamente explorado pela Tvs e a imprensa dos empórios capitalistas. E a cujo clipe, os mesmos midia, já deram honras de destaque em primeiras páginas e nos telejornais.
Ainda se ao menos esses senhores tivessem alguma tradição na chamada música de protesto ou de intervenção, pelo contrário; não se lhe conhecem exemplos: durante trinta anos as suas letras e as suas músicas eram mais que banais, imbecis, mas ruidosas: destinadas a entorpecer os ouvidos e as mentes das camadas mais jovens e adolescentes: aliás, nem outra leitura se poderá deduzir dos temas, de que são autores e que até hoje já gravaram, tais como: "Circo de Feras"; "Gritos Mudos"; "Dados Viciados"; “ Estupidez “; “Sémen/Quero Mais”; “Toca e Foge/Papá deixa Lá”; “Submissão/Se Me Amas”; “Direito ao Deserto” “Mundo ao Contrário”
Dizem os seus dados biográficos que Os Xutos & Pontapés surgiram nos finais de 78, depois de terem começado por se chamar Delirium Tremens"(1) e "Beijinhos e Parabéns” – Estava-se em pleno período da revolução de Abril; o fascismo já tinha sido derrubado. Havia liberdade. No entanto, veja-se já por que caminhos, os ditos músicos, pretendiam seguir!
"Parecemos uns putos ao fim de trinta anos e estamos excitadíssimos, porque há muito tempo que não estávamos em estúdio", declarações de um dos elementos da referida banda, à C.S,. por ocasião daquele concerto. E, pelos vistos, passaram os anos mas as mentalidade pouco terão mudado. Só que, agora, à falta talvez de talento, de imaginação e ao desgaste da idade, há que lançar mão pelo mediatismo mais barato e fácil.
Confesso que esta banda nunca me despertou especial interesse. São demasiado barulhentos. Não é o meu género. Cultivo outros gostos. Porém, um artigo no público, com grande destaque, sobre a “canção usada como manifesto contra o governo”, despertou-me a curiosidade para conhecer um pouco mais o seu passado. .Dei uma vista de olhos pela sua biografia e fui ao YouTube ouvir e ver o tão badalado vídeo. Quis saber se aquilo tinha alguma qualidade. A letra – sob o título SEM EIRA NEM BEIRA” - vale o que vale: veio publicada na íntegra naquele jornal. É um pastiche de uns quantos slogans encadeados e mal encadeados. Quanto aos sons? – É gritaria e cacofonia a mais para ser medianamente suportável aos ouvidos. Sobre as imagens: também nada de novo. Limitaram-se praticamente a usurpar as fotografias de vários fotógrafos sobre Sócrates, membros do governo e alguns socialistas. Ainda se ao menos arranjassem uns bonecos com alguma piada, tipo contra-informação?! – Mas até nesse ponto foram pobres e pouco imaginativos.
Além disso, são hipócritas e mentirosos; não assumem, com frontalidade, o papel político a que se prestaram. Têm a lata de afirmarem, para o referido diário, que “ a letra não visa ninguém”. Contradizem-se! E, um deles, até se diz amigo de José Sócrates. Amigo?!.. Bem tramado estaria o PM, se desse importância a este tipo de patetas ou de palermices. Embora seja certo que, à falta de ideias e de projectos para governar o país, não falte quem lance mão desta patética gritaria ou algaraviada vozoeira. É uma forma de remar contra o tempo e contra história: não creio que seja com estes ruidosos slogans que se percam ou ganhem as eleições. Estamos na era digital e da Internet. As pessoas estão mais existentes: gostam de ser esclarecidas, preocupam-se com o seu futuro – e então em tempo de crise! - Dispensam o ruído supérfluo, a gritaria desnecessária, a confusão. Há, porém, quem pense o contrário e nos queira tomar por estúpidos. Mas o problema é deles e não de quem não pesa como eles. É claro que, para corolário desta promiscuidade, como já se está a verificar, não faltarão as TVs do capital, com a sua avidez necrófoba e sensacionalista, e outros media do género, a darem-lhe as boas vindas.
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