terça-feira, 28 de abril de 2009

RTP- MÁRIO SOARES NO PRÓS E CONTRAS – A CORAGEM DE DIZER VERDADES INCÓMODAS – CORRE O RISCO DOS PATRÕES DOS MIDIA O INDEXAREM NA LISTA DOS MALDITOS!

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Mário Soares continua igual a si próprio – É das tais pessoas em que a idade não é sinónimo de velhice ou decrepitude física e intelectual. Pelo contrário, vê-lo ontem à noite, NO PENSAR PORTUGAL, nos Prós e Contras, de Fátima Campos Ferreira (o melhor programa da RTP), é estar perante um homem extremamente lúcido, que transmite uma longa experiência de vida e de intervenção nas causas mais nobres em prol da comunidade; é a demonstração da confiança, do saber e a certeza de que, nos conturbados tempos de crise, de descrédito e desesperança, ainda há vozes que merece a pena serem ouvidas! – Mas é sobretudo também uma lufada ainda fresca e renovada do espírito de Abril – É acreditar que os políticos profissionais, aqueles que fazem dos seus ideias um verdadeiro sacerdócio, não nos desiludem e têm a coragem e a frontalidade de dizer o que pensam. E, como tal, devem continuar a merecer o respeito, a confiança e admiração geral dos cidadãos.

Porém, Senhor Doutor Mário Soares, acautele-se!

Senão qualquer dia corre o risco de não o convidarem para as televisões ou de não lhe publicarem os seus artigos Ainda o não fizeram porque (mesmo havendo quem não goste de lhe ouvir certas verdades), as suas palavras não ecoam no vazio! São respeitadas e sobem as audiências. Os donos das Tvs e dos jornais, mesmo que não gostem das suas denúncias, têm mais a lucrar que a perder - É que o seu nome e prestigio, mantêm-se num patamar muito alto! - Inalterável! - contrariamente a outros políticos - cuja imagem se desgastou . Além disso, as suas palavras constituem também as tais “florezinhas” , a que se que referiu, com as quais atenuam a falta de rigor e a qualidade de muita da sua informação.

Pois já deve saber que, nos tempos que correm, a informação rigorosa e imparcial, a que temos direito, que a Constituição nos consagra, aquela que a opinião pública devia conhecer, não é propriamente a da verdade objectiva, a dos factos reais e verdadeiros, mas a de uma certa verdade fabricada, instrumentalizada! - A da manipulação, manifesta e deliberada; a da acusação gratuita e dirigida. A que vai ao encontro de agendas partidárias - A sensacionalista: aquela em que prevalece mais a emoção do que a razão! - Esta é que é verdadeiramente comercial!

Dizer numa TV ( mesmo pública) que existe um conluio, entre a Justiça e a comunicação social, que "a justiça é lenta e não funciona tão bem como poderia funcionar", que "as fugas de informação de inquéritos que estão a decorrer vão parar directamente aos jornais", e que,"toda a concentração da comunicação social, está nas mãos de meia dúzia de grupos económicos", como compreenderá, distinto e corajoso português, isso é uma heresia! É uma verdade politicamente muito incorrecta, senão mesmo uma ofensa, uma afronta aos patrões das televisões e dos jornais, que, jamais, assumirão certas cumplicidades e promiscuidades com alguns sectores (corruptos ou irresponsáveis) do poder judicial, com os agentes judiciários que prevaricam, que estão em conluio com certos interesses políticos e económicos - Que estão mais apostados em queimar nomes e reputações, em dar azo a julgamentos populares na praça pública, de que investigar, apurar a verdade dos factos e a que se faça justiça.

Veja lá, pois, no que diz! Pois ainda pode ser tomado como mais um dos "pressionários" sobre os jornais e sobre os paladinos que alimentam a gula dessa mesma comunicação social! Tanto esses como os que violam o segredo de justiça e os seus receptadores, jamais aceitarão que alguém ouse fazer tais denúncias! - Toda a gente sabe que isso é uma realidade indesmentível mas nenhum desses intervenientes ficará satisfeito que lhe lancem à cara tais verdades! Tal como o facto de afirmar - "salvo honrosas excepções" - , que "os jornalistas fazem o que os directores lhes mandam, porque têm medo de perder o emprego" e que as alternativas são exíguas.

Sr. Dr. Mário Soares: desculpe a força de expressão; sei que jamais deixará de exprimir , com sinceridade, as suas opiniões. Porém, permita-me que lhe diga: não volte a dizer esses “disparates” ou “verdades absurdas! Nem tão pouco a dar a subentender que, estar excomungado por um dos patrões dos jornais, ser despedido por não agradar aos seus desígnios, por não ir ao encontro da suas orientações ou que a liberdade de expressão é algo ali muito condicionado - pese as tais “florezinhas de um ou outro artigo” para disfarçar as noticias negativas, para mostrarem que são pluralistas, é ficar excomungado por directores e donos de todos os jornais e televisões. É correr o dilema de não voltar a exercer a actividade. Num universo tão restrito - é um perigosos desafio! Em que todos esses arautos (desde as direcções às administrações) embora se gladiem em cada um chamar a a si a melhor fatia do bolo publicitário, conquanto se envolvam na mesma corrida desenfreada pelas audiências, há, no entanto, pontos comuns, em termos de convivências e conivências partidárias, em que, todos partilham e se entendem, perfeitamente bem: quer nas suas orientações editoriais, quer no que toca a repetirem as mesmíssimas noticias e manchetes!

Ousar dizer o contrário: é não estar em sintonia ou concordância (é trair) os quadrantes ideológicos com os quais essa gente se identifica.

Apreciei muito as suas palavras! Tudo o que afirmou, são verdades irrefutáveis! que só as não reconhece quem o não quer - tão evidentes e inegáveis, elas são! - Claro que há quem não goste de as ouvir, mas esse problema, é deles e não seu!

Confesso que também gostei das perguntas inteligentes - e das observações - da moderadora. É realmente uma brilhante jornalista - que honra a classe e prestigia o canal público. E que até na escolha das personalidades convidadas, desta vez foi muito feliz. Cada uma à sua maneira, deu um ótimo contributo democrático- Nomes como, Mário Soares, Leonor Beleza, Anacoreta Correia, e o académico Sampaio da Nóvoa, todos eles são realmente bons comunicadores. Notáveis figuras! Com um estatuto e um passado de prestígio e de mérito, cuja palavra é ditada pela experiência e pelo conhecimento. Acho que não foi um tempo de antena perdido - Sem dúvida, uma boa forma de Repensar Portugal - nalguns dos temas mais candentes da actualidade - 35 anos após o 25 de Abril. « ««

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