Até a lendária figura de Che Guevara não escapou às diatribes dos burgueses do Grupo PrisaNão pretendo fazer deste blogue qualquer tipo de campanha contra ou favor do Grupo Prisa - Mas considero que a sua presença em Portugal (que raramente merece qualquer reparo ou crítica dos grandes mídia, que lhe são subservientes), pela expressão que ocupa no espectro no panorama da comunicação social, deve merecer atenção especial -Tanto assim que, à medida que pesquiso, através da Internet, o seu passado e a sua actividade presente, maiores são as surpresas e inquietações que se me deparam! - Estes senhores, culpabilizam, atacam, perseguem, quem lhes dá na real gana, arvoaram-se em moralistas e justiceiros, acho que também temos o direito de saber como se comportam em termos empresariais e o que lhes vai dentro de casa.
No post de ontem, referia-me à situação dos trabalhadores - parte dos quais, pelos vistos, não só temem pelo seu futuro, como se dizem sujeitos a um certo terror de intimidação e de silêncio por parte dos seus patrões. - Isto - pese o facto de, aparentemente ( pelo menos que se saiba), tais ameaças ainda não terem batido à porta das empresas que O Grupo detém no nosso país - No entanto, poderá constituir-se já como um factor de perturbação no ambiente das suas redacções. E ser talvez um dos aspectos da explicação para a controvérsia e clima de alarmismo que muitas da suas noticias, desde, há algum tempo, têm vindo a provocar..
De facto, por cá, e até agora, o alvo da sua fúria continua a ser o Primeiro-ministro José Sócrates - Não há semana alguma em que o disco se não repita - até à náusea., à exaustão! Ou melhor- até ao descrédito! E, ao que se depreende, a origem desta perseguição poderá ser a mesma que já se verificou noutros países - Ou seja: podendo também estar relacionada com os direitos de transmissão de futebol onde Prisa não logrou os seus intentos. . A transcrição do artigo que, mais adiante, tomo a liberdade de transcrever, parece dar-nos algumas pistas importantes nesse sentido.
Como já tive ocasião de dizer, noutro post, a animosidade contra José Sócrates, poderá ter sido desencadeada a partir das reacções de Manuel Palanco, por ter perdido o concurso dos direitos de transmissão das duas temporadas em sinal aberto um jogo por jornada da Liga Sagres . Tendo então a TVI perdido “uma das principais bandeiras da sua audiência para a estação pública.”
Polanco e Moniz reagiram com dura agressividade, culpabilizando a tutela pela perda dos referidos direitos. E, ao que parece, tais reacções, não constituem novidade no historial dos comportanentos deste Grupo. Tal como se poderá inferir, mais adiante, entre outras informações oportunas.
Entretanto, convirá reflectir que até a própria imagem de uma das figuras, mais emblemáticas da revolução progressista na América Latina, já foi vilipendiada, conforme diz o artigo de Carlos Morais, cujo excerto transcrevo
A INFÂMIA DO GRUPO PRISA CONTRA CHE GUEVARA
http://www.primeiralinha.org/destaques9/pris.htm
“O jornal espanhol de referência do poderoso Grupo Prisa, El País, publicou um editorial difamatório e ofensivo contra o Che Guevara, que adensa boa parte da carga ideológica dos chamados "democratas" espanhóis, empenhados em atacar e atalhar qualquer esperança de mudança real na América Latina.
Coincidindo com o quadragésimo aniversário do assassinato do Che Guevara na Bolívia, a passada quarta-feira 10 de Outubro o buque insígnia do grupo PRISA, o jornal “El País” publicava um editorial imundo sob o título “Caudillo Guevara”.
O grau de ignomínia, de manipulação de perversão, à hora de valorizar a vida, trajectória e legado do Che atingiu tal magnitude que poucos dias depois o próprio diário se viu obrigado a reconhecer na secção do “Defensor do leitor” que as considerações incluídas geraram “o maior protesto dos leitores”
GRUPO PRISA E A GRANDE CAMBALHOTA?
"Grupo PRISA cambaleia
A crise bate à porta do El País
http://odiario.info/articulo.php?p=1099&more=1&c=1
Este o titulo de um artigo publicado pelo Diário.info, publicado no passado dia 27 de Março, de autoria de Pascual Serrano.
“Os donos do grupo espanhol PRISA, proprietário da portuguesa TVI, para além de pretenderem criar o grande empório que criaram, “quiseram – e necessitavam-no para continuar os seus negócios – de governar em muitos lugares sem se apresentarem a eleições.” Para isso, particularmente no que se refere à América Latina, a PRISA adoptou uma “linha editorial (…) de agressividade permanente contra os governos progressistas que superou os media tradicionalmente da direita”.
Hoje, com dívidas à banca superiores a 5.000 milhões de euros, a PRISA encontra-se à procura de comprador para parte dos seus activos, afim de pagar os “1.950 milhões de euros que se vencem dia 31 de Março” próximo.”
É sobejamente conhecida a grave situação que o sector dos meios de comunicação está a atravessar. Uma crise que não se limita às pequenas e médias empresas, mas que está a abanar até o gigante espanhol da comunicação, o grupo PRISA. Os números são eloquentes: ao longo de 2008, o valor das suas acções desvalorizou 80%. O seu lucro líquido (83 milhões de euros) diminuiu 56,98%. A empresa suspendeu o pagamento de dividendos aos seus accionistas, o que sucede pela primeira vez desde que foi admitida a cotização na bolsa em 2000. Além disso, PRISA tem uma dívida de 5.000 milhões de euros, dos quais deve devolver antes do final do mês de Março quase dois mil milhões.
Criada em 1985, PRISA (Promotora de informações, sociedade anónima) é o primeiro grupo de Espanha de comunicação, educação, cultura e entretenimento. Está presente em 22 países e chega a dezenas de milhões de utilizadores através das suas marcas globais: El País (diário), 40 Principais (rádio), Santillana ou Alfaguara (editoras), etc. Em Espanha, a sua implantação assenta na televisão (através de Sogecable, sociedade absorvida em Dezembro de 2008 pela PRISA), no canal Cuatro (aberto), e a Plataforma Digital + (paga) [1]; Na rádio, com a Cadena Ser é líder da audiência [2].
A sua presença em numerosos países da América Latina, Portugal e no crescente mercado hispano dos Estados Unidos proporcionaram-lhe uma dimensão ibero-americana, e abriu-lhe um mercado global de mais de 500 milhões de pessoas, o que a converteu num agente político influente, não apenas em Espanha mas também no continente americano.
As suas acções estão cotadas nas quatro bolsas espanholas (Madrid, Barcelona, Bilbau e Valência) através do mercado contínuo, desde Junho de 2000. O accionista de controlo da PRISA é o grupo Timón, fundado em 1972 por Jesus Polanco (falecido em Julho de 2007) e Francisco Pérez González, e propriedade das famílias de ambos. O grupo Timón, de forma directa ou através da sua posição na Promotora de Publicações (Propu), controla mais de 60 por cento do capital da PRISA. Propu é o primeiro accionista do grupo com 44,53% das suas acções e Timón possui 18,47%. Os participantes da Propu são, fundamentalmente, os fundadores do diário El país e o seu envolvimento familiar [3].
Durante os nove primeiros meses de 2008, a divisão audiovisual foi responsável por 52% dos proventos da PRISA, em comparação com uns 12% da imprensa, 1% da Internet e 10% da rádio. Os livros e a educação, base da fortuna da família Polanco, atingem os 16% dos proventos. Mas todos os media impressos de PRISA reduziram a sua contribuição para as receitas do ano passado, encabeçados pela sua empresa bandeira, El País, com uma queda de 8,7%. Apenas se salvaram as revistas com as contribuições das portuguesas da Media Capital [4]. Os resultados enviados pela empresa à Comissão Nacional de Mercado de Valores correspondentes ao período Janeiro/Setembro de 2008, já reflectiam que o diário viu cair em 18,2% as suas receitas publicitárias para os 127 milhões de euros [5]. E ainda que aquele diário, que fechou o ano passado com 431.034 exemplares [6], 107.665 exemplares à frente do seu imediato concorrente directo, sofreu uma queda de mais de 4.000 exemplares em relação à média obtida no exercício anterior, ao passar de 435.083 a 431.034 exemplares.
A todo-poderosa Ser também reduziu a sua quota, afectada pela queda do investimento publicitário que também sofreu o líder da rádio [7].
A PRISA e o seu projecto de televisão paga começaram o seu declive no confronto com o governo de José Maria Aznar e a «guerra do futebol». Onze anos depois da emissão dos partidos ter sido declarada de interesse geral, a PRISA viveu outra guerra do futebol com a Meiapro e sob um governo socialista. O desenvolvimento da Internet, as novas licenças de Televisão Digital Terrestre (TDT) pagas e o fim do privilégio dos direitos da emissão do futebol, por imperativo da Comissão Nacional da Concorrência, deixou a Digital+ sem a sua principal razão de existência.
Já em Julho de 2008, o banco estadounidense Citigroup difundia um relatório demolidor sobre a PRISA em que recomendava não comprar as suas acções e reduzia em 34% a sua previsão de lucros em 2008 e em 51% em 2009, devido ao abrandamento do mercado publicitário em Espanha [8].
Outra agravante foi a Internet não ter sido um campo que a PRISA tenha sabido desenvolver. O grupo recebe dos negócios digitais somente 1% das suas receitas, face a 12% do The New York Times ou 7% do grupo rival Vocento (diário ABC, «Punto Rádio» e Telecinco). O resultado operacional da PRISA.com foi de 350.000 euros em 2007, com uma margem de rentabilidade de 1%. Nos três primeiros meses de 2008 perdia 2,27 milhões de euros apesar de um aumento de 27,7% dos proventos [9]. Entre os analistas dos meios de comunicação, espanhóis e estrangeiros, destaca-se que a PRISA tem um modelo de negócio muito baseado no pagamento de conteúdos (Digital +, diários) e onde a publicidade só representa cerca de 30% das receitas. Alguns peritos acreditam que uma das suas principais debilidades é a falta de um modelo de negócio sustentável para os seus meios na Internet, um desafio para toda a imprensa. Ao contrário dos fracassos da PRISA ou do do The New York Times, com negócios digitais baseados só em publicidade, outros meios como o Financial Times conseguiram manter ou aumentar a sua facturação, graças a modelos de pagamento freemium [10] ou de serviços na Internet. Por outro lado, El País teve o fracasso do encerramento da sua web paga em 2002 e do seu regresso à gratuidade em 2005, o que foi aproveitado pelos seus concorrentes na Internet. O resultado é que a mesma vantagem que possui o El País sobre o El Mundo em papel é a que tem sobre o primeiro na versão digital.
Mas o verdadeiro problema da PRISA é a sua dívida, que atinge, segundo os analistas, cerca de 5.000 milhões de euros… Apesar de a PRISA ter apresentado, em 19 de Fevereiro passado, nas páginas do seu diário El País [11] uma versão muito suavizada dos seus resultados em 2008, a realidade (ocultada aos seus leitores) é muito mais sombria: a queda do lucro líquido foi de quase 57% em 2008; confirmou-se o endividamento recorde um pouco superior a 5.000 milhões de euros; uma forte desaceleração das suas vendas no quarto trimestre; um mercado publicitário a cair 11,2% (-20,4% na imprensa e -5,3% na rádio); a desaceleração do negócio de televisão paga (-30.000 clientes) e um esfriar da circulação dos diários. É preciso acrescentar que os custos financeiros do quarto trimestre subiram 120% até aos 397,1 milhões de euros. E se o lucro líquido foi positivo (83 milhões de euros) isso deve-se unicamente à venda de imóveis pelos quais a PRISA obteve mais de 226 milhões de euros. Com o anúncio destes resultados, qualificados de «maus, piores do que o esperado» por muitos observadores, as acções da PRISA caíram 8,88% para os 1,5 euros (enquanto o IBEX-35 só perdia 2,6% nesse 19 de Fevereiro de 2009). Quer dizer que o endividamento suportado pela PRISA é sete vezes o EBIT [Earnings before interest and taxes, lucro bruto antes dos impostos] da empresa, um ratio que coloca a empresa num nível de sustentabilidade semelhante ao que têm as entidades de capital de risco, pelo que a PRISA foi obrigada a uma estratégia de desinvestimentos.
Em Maio de 2007, a PRISA teve que deixar a sua casa própria e ir viver numa alugada. Anunciava a venda da sua sede na Gran Via madrilena, bem como o edifício do El País em Madrid (Rua Miguel Yuste) e o da Rádio Barcelona (Rua Caspe) por 350 milhões de euros à sociedade imobiliária Longshore. Com a venda destes edifícios, a PRISA obteve mais-valias de 242 milhões de euros, destinados a reduzir a dívida do grupo. Ao mesmo tempo que assinou o acordo de venda destes edifícios, a PRISA subscreveu um contrato de arrendamento de determinados espaços destes imóveis que, no caso do El País e da Cadena Ser, terão uma duração de 15 anos prorrogáveis.
Seis meses depois, em Novembro de 2007, fechava a Localia, uma rede e 80 emissoras locais de televisão que funcionava desde o ano 2000 e deixava sem trabalho 300 profissionais. Apesar de sustentar a sua decisão nas «dificuldades e incoerência que apresenta o actual quadro regulador», na «saturação de licenças» de Televisão Digital Terrestre e no «desordenado desenvolvimento do sector, que impossibilitam a viabilidade do projecto», reconhece-se que o encerramento foi precipitado pela crise económica e a derrocada do investimento publicitário, «sem perspectivas de recuperação a curto e médio prazo» [12].
Em Janeiro de 2009, a PRISA anunciava a venda à Akaishi Investments, por 4,1 milhões de euros, da sua participação de 25% no capital da companhia boliviana de Inversiones en Radiodifusión, proprietária na Bolívia da rede de emissoras de televisão ATB [13]. Mais, a Akaishi Investments ficou com opção de compra sobre as acções que o Grupo PRISA tem em Inversiones Grupo Multimédia de Comunicaciones, proprietária dos jornais bolivianos La Razón e Extra [14].
No entanto, toda essa entrada de dinheiro não é suficiente para o que a PRISA necessita. Segunda afirma o Expansión, a PRISA necessita de uma injecção de liquidez para cumprir com o pagamento de uma dívida bancária que se vence este mês de Março e ascende a 1.950 milhões de euros, procedente dos fundos que destinou à OPA sobre a Sogecable, e cujo pagamento já teve que prorrogar anteriormente, em 21 de Julho de 2008 [15].
Entre as saídas possíveis, colocou à venda a plataforma de pagamento Digital+. Apesar de se manterem conversações com vários grupos, desde a France Telecom à Telefónica, nada se concretizou. O mais que se avançou foi negociações com a aliança Vivendi-Telefónica para lhes vender a Digital+ por um preço que baixou de 5.000 para 2.500 milhões de euros, mas sem chegar aos 1.800 milhões de euros que oferece a aliança hispano-francesa.
As informações mais recentes apontam para que o grupo está a desconsiderar a venda da Digital+ por não encontrar um comprador que ofereça o dinheiro esperado, ao mesmo tempo que estuda a venda da editorial Santillana. Foi o que informou o banco Citigroup que dizia que a venda de Digital+ já não é uma opção, e que o passo seguinte poderia ser a colocação de Santillana, segundo publicou o diário económico Negocio. Os candidatos a esta aquisição seriam Lagardère [16] e Pearson [17].
De acordo com os peritos do grupo financeiro Fortis, «se realmente as conversações se romperam e não há acordo à vista para a venda da Digital+, o grupo enfrenta grandes dificuldades para reduzir a sua dívida», ao não haver outro activo da PRISA com o valor deste canal pago. A possibilidade de vender outros negócios, como a Santillana, é complicada porque, tal como está o mercado, será difícil encontrar preços razoáveis. O grupo Fortis assegura que ainda que a PRISA vendesse a editorial, necessitaria de mais dinheiro para encerrar o assunto da dívida [18]. O problema é que a venda da Santillana rondaria os 1.000 milhões de euros, uma quantidade insuficiente para enfrentar a dívida de 1.950 milhões de euros que se vence dia 31 de Março de 2009. Em qualquer caso, as últimas notícias são boas para a Santillana, ao ser conhecido que conseguiu ampliar os seus negócios de livros no Brasil, donde procede já 14% das receitas internacionais da PRISA. O Brasil já foi o país em que no ano passado mais cresceu o negócio da Santillana, só abaixo do Peru. Uma vez mais as soluções económicas da PRISA vêm da América Latina, o que explica as evidentes intencionalidades em que costumam incorrer os conteúdos dos seus media quando abordam a actualidade dessa região.
Ao não conseguir, uma vez mais, o dinheiro no prazo estabelecido, os bancos descartaram entrar para accionistas da PRISA mas terminarão por aceitar uma renegociação da dívida, o que garantirá à empresa de comunicação outros três anos de prorrogação para poder ficar à tona de água. O consórcio liderado pelos bancos HSBC e PNB Paribas, onde também estão La Caja, Caja Madrid e Banesto, aceitaram o plano dos responsáveis do grupo para uma profunda reestruturação do El País em três empresas (conteúdos, impressão e serviços), além da externalização do departamento comercial.
A situação do grupo já criou um grave conflito laboral no seio do diário El País depois de uma decisão do administrador-delegado, Juan Luís Cebrián, de reestruturar o jornal e a empresa. Segundo o seu projecto, o jornal dividir-se-á em três empresas para enfrentar «um processo de convergência redactorial e desenvolvimento de multiprodutos e multimédia». A medida não foi bem recebida pelos trabalhadores que consideram que os debilita como colectivo laboral e terminarão por perder direitos e garantias laborais, inclusivamente abrindo a possibilidade de exportar algumas actividades para fora do grupo. Já se trespassou o departamento de publicidade à empresa Box News Publicidad, o que provocou uma greve nos passados dias 26 e 27 de Dezembro de 2008. A conflitualidade não parou: em finais de Janeiro de 2009, os trabalhadores desconvocaram uma greve que tinham anunciado a partir de 31 de Janeiro, e que foi aprovada por 71% do pessoal. Por fim, o início de uma renegociação com a empresa permitiu a sua suspensão temporal.
As conclusões que se podem tirar da grave situação com que se defronta o maior grupo de comunicação espanhol são muitas e diversificadas, tal como as consequências que daí advirão. Se é verdade que a crise é generalizada no panorama dos media, e que os meios de comunicação estão agora a pagar os excessos do passado – grande parte da dívida contraída foi originada por operações de expansão levadas a cabo durante os anos dourados – um dos erros da PRISA poderá ter sido ter procurado, a todo o custo, um forte crescimento que lhe garantisse ser um agente de poder político em Espanha e na América Latina, o que sem dúvida conseguiu, mas à custa da perda da solidez empresarial. Agora, sem muitos dos favoritismos que obteve em Espanha nos anos 1980, sob o governo de Filipe Gonzalez – especialmente os direitos exclusivos de emissão dos jogos de futebol e o quase monopólio da televisão paga – e com uma linha editorial na América Latina de agressividade permanente contra os governos progressistas que superou os media tradicionalmente da direita, o seu futuro encontra-se mais em perigo que nunca.
Os responsáveis da PRISA, mais do que criar um grande grupo empresarial de comunicação, quiseram – e necessitavam-no para continuar os seus negócios – de governar em muitos lugares sem se apresentarem a eleições. Foi aí que fracassaram. As suas contas de resultados terminaram por depender demasiado de uns poderes políticos a que não se puderam impor. O empório necessitava, para continuar a avançar, concessões de rádio e televisão, exclusividades milionárias para a difusão do futebol, contratos editoriais privilegiados… No final, não foram tão poderosos para garantir tudo isso.”